quarta-feira, 19 de maio de 2010

Prece ao destino


Ajuda-me, excelência do tempo,

da poeira,

do asfalto,

do futuro e passado.

Perdoa-me, reverendo esperado,

pai dos que nada sabem,

guia dos que não querem saber.

Tem piedade, Senhor do acaso,

pois sem ti serei nada,

uma vida

de apenas pegadas,

angústia

e desejo

em solidão.

Sem ti,

sou o medo que desconhece,

o silêncio do espanto,

a danação do pecador.

Sem ti,

apenas o que foi;

mas nada foi,

somente é,

talvez será,

e a vida só me cabe

em igual medida

que a ti o acaso.

Sem ti

mãos atadas,

pois, se nem de mim nada sei,

sem ti

dize-me

o que seria

dos caminhos alheios

que as linhas de minha mão

hão de cruzar.

4 comentários:

  1. O teu poema mais belo entre os que pude ler...
    E um dos mais belos que li recentemente...!
    Ctrl C Ctrl V

    Lindooooooooooooooo!!!!

    ResponderExcluir
  2. Luís na conta de guilherme
    Ele é hoje o que mais temo e no futuro o que mais pode me fazer bem.
    Bambino, muito bom!! Espetacular.
    CCNFF

    ResponderExcluir
  3. Lindo, Vítor, de verdade!!

    temos que rogar por esse destino, Senhor do acaso!!

    "...sem ti

    dize-me

    o que seria

    dos caminhos alheios

    que as linhas de minha mão

    hão de cruzar."

    Lindo, simplesmente!

    abraço

    ResponderExcluir