domingo, 24 de julho de 2011

Carina e Thor

Distância. Nem é tão longa a palavra, bem ao contrário daquilo que descreve. Quer dizer, também não é necessariamente grande seu objeto: depende do quanto se deseja o que ele separa. Há vezes em que um cômodo, o corredor é suficiente pra fazer-nos classificar como imensa a distância até o quarto da mãe, bem ao contrário de quando ela nos chama de lá pra dar uma bronca. Por vezes, até menos: distância é função direta da saudade.

Curioso pensar que também o inverso é verdade: ao contrário do que se tanto costuma dizer, saudade depende mais da distância que do tempo há que se está afastado. Pelo menos em se tratando de curtos períodos. Um dia, dois, uma semana... quando chegam os meses, talvez a história já mude...

Calculando pela data do casamento, em dezembro, somado à viagem curta de logo depois, acho que eles só tomaram coragem de atravessar o Atlântico em fins de janeiro ou já fevereiro. Confesso estar ansioso pra saber quando vem a coragem de voltar! Coragem, talvez vontade. Mas nem sempre vontade basta ou basta apenas ao se tratar de maior vontade que qualquer outra. Pelo que conheço de Carina e Thor – que muitos diriam ser pouco em razão do tempo ou qualquer outro critério desprezível – não lhes falta vontade de sorrir! Ao menos nunca faltou a cada vez os vi juntos, até mau humorada, até cansado, mesmo de ressaca de uma bela noite bela. Espero, então, que de sorrisos estejam pincelando as ressacas desses vinhos italianos, cujas bebedeiras com certeza são as mais divertidas e de que eu sinto tanta falta mesmo delas não participando...

Pode nem parecer – eu não sei se, no lugar deles, acreditaria no que escrevo – mas quando uma criança sente falta da mãe, o que faz? Corre atrás dela, esperneia, chora, lhe chama a atenção de qualquer jeito. A mãe, porém, é pra criança a inteireza de seu mundo, a fonte do seu aconchego, alimento, carinho e proteção. Pois é, eu não tenho esperneado ultimamente, não que eu lembre, nem sequer ao ver as fotos das viagens de Carina e Thor, sentindo inveja da gente de sorte que lhes teve a companhia numa eurotrip, ou quando me pego sorrindo de como era divertida a mais sacal manhã de um sábado abusado, alla lezione d’italiano. É, acho que isso significa que Carina e Thor não são minha mãe... que bom!

Não que mãe seja ruim, mas uma é já o suficiente. Não, Carina surgiu na minha vida como uma irmã, logo eu que sou gêmeo, já nasci com uma irmã a tiracolo – e outra mais velha a nos esperar, recebo outra de bom grado da vida num tempo curto, bem curto. E sequer como mãe, eu não simplesmente a "recebi": ou ela acha que seu carisma é irresistível?! Não, Carina carina, mais que imposição circunstancial da vida, você me foi uma escolha. Eu poderia ter me afastado, tê-los ignorado, não lhes dado atenção... quer dizer, quando vejo as fotos dos meus afilhados, chego a duvidar de que poderia... O fato é que também eu lhes fui uma escolha. Talvez nem tão acertada, com certeza ausente, mas que os ama como os amigos que são, como irmã e cunhado (no melhor sentido que esse termo tiver, Thor!) e que, comigo, quero carregar até longe, até ausente, até um oceano distantes.

: distância é como calor, falando pode até parecer ruim, mas só quando existe acima do razoável incomoda de fato. Quem nunca se apertou numa sala pequena, num show, estádio de futebol, no carnaval, quem nunca quase sufocou com a falta de espaço diretamente proporcional à quantidade de gente que atire a primeira pedra! Quem nunca sentiu falta de pessoas que ama, então, nem fale...