O tempo é uma invenção de quem tem preguiça de viver. E a gente fala dele como se tivesse alguma autoridade. Por sinal, usamos o próprio tempo como argumento de autoridade:
“Quantos anos você tem mesmo? Ah, só? Relaxe, você ainda tem muito pra viver...”.
Tenho? Engraçado que, se por um acaso do destino (livrai-nos do mal, amém!), amanhã eu morrer, discursarão à cabeceira do meu caixão: “foi tão maduro, um homem íntegro, completo”. Do dia pra noite, amadurecido, quase santo. Quer dizer que é a morte quem nos faz amadurecer? Se for assim, quero ser criança eternamente!
Até parece que a vida é mesmo contada
A última vez em que terminei um relacionamento, eu bêbado, conversando com um ser barrigudo, tão embriagado quanto e bastante mais velho, ele me disse: “olha a tua idade, você viveu tão pouco. Isso nem foi amor. Ainda tas longe de encontrar um amor de verdade, meu caro, bem longe”. Praquela barriga gorda, eu respondi: “se o amor presente não for o maior, o último, nem amor é”. Apesar de achar que eu devesse ter dito: “pior que eu é você, com toda essa idade, ainda não ter conhecido o amor”. Sim, porque alguém que fale o que saiu da boca dele, sabe tudo, menos o que é amar. Desde quando o destino nos apresenta o afeto a partir do tempo?! Ao nos criar, então, ele fala assim: “você é padrão, só com os 35; você, vai um pouquinho antes,
Não posso falar com propriedade se a vida é uma intercessão de lágrimas num fundo de alegrias ou vice-versa. Não tenho certeza, mas acho que a zebra é branca com listras pretas, né? Pois bem, e quanto à vida: é feliz intercalada por momentos tristes, ou é toda de tristeza com algumas manchas de felicidade aparecendo pelo caminho?! Eu não tenho a resposta. E cada um acredita no que quiser. Mas tenho uma certeza: qualquer das duas opções, nenhuma é condicionada pelo tempo. Há vezes em que um dia é mais eterno que todo o resto. Às vezes, vivemos muito, mas em muito pouco tempo. Um amor de uma curta viagem inesquecível por toda a vida, mesmo quando acordamos dia-a-dia ao lado de outro alguém; ou uma pessoa que no espaço de um mês nos marque a vida até o momento da nossa morte...
Só posso esperar que cada vez mais os dias nos sejam assim, generosos, hoje tão ou mais eternos que o mais eterno dos outros dias.
Bravo! Bravíssimo!
ResponderExcluirCada vez mais interessante!
ResponderExcluirJá disse que adoro ler seus textos?
;)
Não menospreze o tempo, Vítor carino...
ResponderExcluirBelìssimo, mi piace molto! Tu dovevi scrivere de più.
Baci
tá lindo isso, visse, Vitim! =)
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